A vida é um pouco estranha, às vezes. Não sei se ela, ou eu. Não sei se sou a mesma de ontem e se amanhã ainda permanecerei. Não sei o que me espera, nem o que espero. Tenho vivido tantas estações que já não sei mais em qual me encontro. E porque o encontro é necessário? Aparentemente só se busca algo que foi perdido. Será possível perder-se de si mesmo? Quantas questões podem divagar no eco de uma mente que recusa o silêncio de sua inquietude?
Apenas permaneço e prossigo, seguindo o ritmo de uma música esquisita e fora do tom. A princípio é apenas a sintonia de uma orquestra cuja mente barulhenta novamente briga com o silêncio que ela se recusa a escutar. Qual o problema da pausa? porque se recusa a parar e encarar a solitária companhia de seu próprio eu? A fuga de si mesmo é a peça de mal gosto mais inútil a qual podemos nos submeter.
Coragem para tirar as máscaras e encarar-se. Força para admitir que certos caminhos perderam-se na rota de estradas tortuosas que não fazem mais sentido trilhar. Sinceridade para reconhecer e conhecer-se novamente, uma vez que aquilo que foi pertence ao último verbo citado, em um tempo que não existe mais. O passado deve permanecer onde seu sentido é evocado. Que seja no máximo memorável, uma lembrança de alerta do lugar certo do pretérito que só é perfeito quando o deixamos onde ele sempre deve estar, atrás.
Muda-se o tempo, os ventos, mudamos todos nós. Em meio a tantas dúvidas e incertezas, que permaneçam nossas verdades. Aquelas que cultivamos e carregamos na essência que permanece a cada nova estação das almas impermanentes que coexistem numa eterna metamorfose da arte de sobreviver e, acima de tudo, existir…